Desde a época dos estágios clínicos na Universidade, escolhi a linha Cognitivo-Comportamental como norte para o meu trabalho. A Psicologia é uma área muito ampla e no campo clínico não é diferente. Há uma série de linhas teóricas que tentam estudar e compreender o homem de modos distintos. Todas essas abordagens tem sua importância e contribuem para a Psicologia de uma maneira geral, por isso costuma ser difícil escolher uma linha em detrimento de outra. Essas divisões muitas vezes geram também conflitos entre os profissionais de diferentes "escolas psi", pois muitos deles acabam não aceitando a visão da outra abordagem e assim, o diálogo cessa. Essa é uma questão que sempre me gerou muito incômodo na graduação, pois para mim todas são Psicologia, logo devem em tese conversar. Enfim, essa é uma questão longa e talvez histórica.
Nesse post, vou falar um pouco mais sobre a Terapia Cognitivo-comportamental ou TCC (como é muito conhecida). Essa é uma linha teórica que se utiliza de técnicas cognitivas e comportamentais, pois acredita-se que ao mudar o pensamento é possível mudar também o comportamento. A TCC tem alguns princípios básicos, a saber:
1- o terapeuta deve fazer uma formulação contínua do paciente ao longo do tratamento, ou seja, deve investigar a relação entre pensamentos, sentimentos e comportamentos;
2- requer uma aliança terapêutica segura com o paciente, ou seja, o terapeuta deve ser empático para que o paciente consiga estabelecer uma relação de confiança com o profissional;
3- a terapia deve ser como um trabalho em equipe ( terapeuta e paciente trabalham juntos, decidindo o que trabalhar na sessão, horários, entre outras coisas);
4- a terapia é orientada em metas
5- o presente é enfatizado inicialmente ( o passado e o futuro também são importantes e serão avaliados e trabalhados de acordo com cada caso)
6- a terapia é educativa, ou seja, visa educar o paciente a ser o seu próprio terapeuta;
7- a TCC costuma ter um tempo limitado ( o terapeuta, a depender do caso, estima um número médio de sessões para cada caso);
8- as sessões são estruturadas ( elas costumam apresentar uma "organização");
9- a TCC "ensina" o paciente a identificar, avaliar e responder a seus pensamentos e crenças disfuncionais;
10- utiliza várias técnicas a fim de mudar pensamento, humor e comportamento.
Esses são princípios gerais dessa linha, contudo alguns deles estão presentes em outras abordagens, como o número 2, por exemplo, uma vez que é fundamental ao trabalho do psicólogo clínico o desenvolvimento de um bom vínculo terapêutico.
É importante frisar que o bom profissional saberá ser flexível em cada caso, afinal terapia não é receita de bolo! Nós lidamos com seres humanos dotados de uma série de questões e uma história de vida única.
Para quem nunca fez terapia, fica o meu depoimento como profissional e paciente ( já fiz terapia e voltei a fazer ), é uma experiência incrível de reflexão, redescoberta de si mesmo e do modo como funcionamos em nossas vidas. Para muitas pessoas, é o único espaço em que elas podem ser escutadas de verdade. Para os mais céticos em relação a esse tema, há inúmeras pesquisas que comprovam os benefícios que ela pode trazer para a vida de qualquer um.
Um abraço a todos!
REFERÊNCIA
Beck, J. S. Terapia Cognitiva: teoria e prática. Porto Alegre: Artmed, 1997
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